sábado, 30 de setembro de 2017

Um Clube para chamar de MEU

Na minha última ida ao Brasil, que durou 8 meses e, claro vai virar um post mega longo logo mais, eu participei de um clube de livros. A Thaís organizou tudo com muito amor e carinho e o trem tá lá, lindo de viver, acontecendo mensalmente para os felizardos que tem a sorte de cruzar o caminho dela.
Foi o meu caso, mas quando o clube "aconteceu" eu já tinha uma data pra voltar pra casa e voltei com gostinho de quero mais.


Queria mais livros interessantes, mais gente bacana pra conversar, mais sugestões de títulos que eu não tomaria a iniciativa de ler sozinha. Enfim, queria o piquenique literário aqui comigo.

Na falta de ter um clube nesse formato lindo que eu experimentei, resolvemos criar um clube pra nós aqui no velho mundo, não apenas para chamar de nosso mas para proporcional esse tipo de aproximação ou abordagem, como queiram, para os nosso amigos franceses.

Uma pesquisa feita recentemente aponta que 9 em cada 10 franceses leram ao menos 1 livros nos últimos 12 meses. Os números estão aos nosso favor. 

Dito isso, se você está lendo esse texto e estará em La Garde dia 28 de outubro lá pelas 15h, dá uma passadinha na livraria do centro e vem ver o que vamos aprontar!

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

O que eu aprendi na França



A vida de expatriada me ensinou uma infinidade coisas. Fato!
Mas determinados hábitos eu acredito que não é mérito apenas da vida de expatriada, mas sim do lugar exato onde vivo.
Vem ver o que aprendi na França e com os franceses:

Ø Metodologia é a alma do negócio


Você conhece alguém com TOC? Então você conhece todos os franceses. Sem exagero. Juro!
Tente fazer algo diferente, melhor e mais rápido do que eles estão acostumados e certamente você ira ouvir: "mas aqui na França não fazemos assim" ou ainda "isso não vai funcionar porque não é dessa forma que se faz". Eles ficam visivelmente perturbados ao descobrir que existem outras formas de fazer a mesma coisa. 
As vezes mais eficaz!
Isso me fez ser ainda mais metódica com relação a algumas coisas, mas também a ser tolerante com o TOC alheio.

Ø Defesa do consumidor, conhece?

Todos nos conhecemos, não? Mas vc utiliza? Já utilizou? Sabe de cor as leis de consumo? Eu não. Não conheço no Brasil nem aqui no velho mundo, mas se tem uma coisa que o francês faz como ninguém é brigar por seus direitos de consumidor, seja de produtos ou serviços. Seja caro ou barato. Direito é direito e é dever de todos fazer valer. Eu tento não brigar mas confesso que as vezes acontece...
De qualquer forma, esse é um bom novo habito na minha vida, fazer valer meus direitos de consumidora. 


Ø Quantas sobremesas cabem numa mesa?


Aqui uma refeição completa não tem arroz, feijão, batata e macarrão. 
 sei, vc não consegue imaginar sua vida sem essas regalias, mas eu confesso que esse foi o menor dos meus problemas.
Eu nunca fui fã dessa tradição e adorei a ideia de comer diferente.
Mas esse é papo para um outro post, o papo aqui é sobremesa…temos sobremesas. Todos os dias. Duas vezes por dia.
Não se assuste, não da para comer torta de morango todos os dias (não tem morango o ano todo por aqui).
Uma refeição completa basicamente tem, uma salada, uma carne, um ou dois legumes, pão, queijo e sobremesa. Que varia entre uma fruta, um "yaourt", um chocolate, um doce, pouco importa. Claro que a estação do ano tbm conta na hora de escolher a composição dos nossos pratos, mas sobremesa tem e todo dia. Sagrado. E no domingo, melhorado.

Ø Râler c’est un sport


 Reclamar é verbo aqui também = râler. Só que por aqui é um esporte, conhecido nacionalmente. Onde tem dois brasileiros, tem churrasco e cerveja? Pois bem, onde tem dois franceses tem reclamação, de tudo: meteorologia, política, administração publica, esporte, pode imaginar aqui o que você bem entender. Um francês vai conseguir reclamar. Certeza. Esse porém foi um hábito que eu adquiri sem perceber e hoje faço malabarismos para me livrar. Apelei até para livros de auto ajuda. "J’arrête de râler." (Eu paro de reclamar) rs…

Ø Tempo, tempo, tempo

Uma filosofia que aprendi com os franceses e quero levar eternamente comigo é como o tempo é medido. Eu explico: antes de me mudar minha vida era trabalho, maternidade, lazer, família e amigos. O tempo era basicamente dividido dessa forma e totalmente desproporcional. A prioridade era o trabalho, como para todo mundo, não? Não aqui. Aqui tempo bom é tempo usado para fazer o que se ama. Para aproveitar o sol no verão, para tomar chocolate quente no inverno. Para ir à praia. Para passar um final de semana na estação de sky. O tempo que passamos trabalhando, na visão do francês é um tempo irrecuperável. Um mal necessário. Pode parecer radical, e no começo eu achei um pouco absurdo, mas quando vc percebe que o trabalho é apenas uma forma de ganhar dinheiro para realmente aproveitar a vida, faz todo sentido. E te da um gás enorme para realmente curtir a vida de forma muito mais leve.

Ø Bricoler

Eu não sei exatamente a tradução dessa palavra para o português mas posso te dar o conceito: faça você mesmo. Tudo! Pintar a casa, montar móveis, se servir dentro de uma loja de sapatos, limpar seu jardim, trocar papel de parede, reformar o banheiro. Tudo é a venda e disponível para não profissionais se virarem. Eu aderi. Com uma certa relutância. Mas aderi…rs

Ø Tá nervoso? Vá pescar!

Está cansado? Pode falar. Não existe pudor ou tabu por aqui. Nem super mãe, super mulher, super profissional, ou ainda a mulher maravilha. Cansou? Boca no mundo! Vai resolver? Provavelmente não, no máximo vai atirar mais uns cansados e todo mundo vai reclamar junto do ritmo acelerado da vida, da quantidade de tarefas a cumprir num dia muito curto, etc, mas sabe aquela teoria de que por para fora descarrega? Pois é, funciona.

Ø Viver em dois idiomas

E por ultimo, mas não menos importante o famoso bilinguismo.
Eu já ouvi algumas vezes ao longo desse caminho: mas o bilinguismo não confunde a cabeça da criança?
Eu quase tenho uma crise cada vez que ouço, mas sempre respondo educadamente que não, não confunde. Há dois anos atrás eu me dava ao trabalho de explicar, atualmente tenho preguiça. Mas os franceses, tão famosos pela cabeça fechada é só amor, só elogios e muitos comprimentos pelo trabalho que estamos fazendo, porque pessoas, crescer em dois idiomas, não só é legal, como é rico e divertido e de suma importância para manter o vínculo, com a galera que acha confuso. Irônico? Como a vida deve ser…