quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Presente ou Presença




Antes de « afogar o sujeito » vamos deixar claro que eu gosto muito do Natal, mesmo.
Natal afaga minhas entranhas de tanta memoria boa mas você vai ter que concordar comigo que o trem está meio fora dos trilhos ultimamente, não é?
Ano passado, nessa mesma época, eu estava no Instagram divagando sobre minha revolta contra o sistema absoluto de consumo e voilà que esse ano estou dando um passo mais largo e convidando você a refletir mas não só. 
E se eu te disser que com ações bem simples podemos melhorar a qualidade das memórias que criamos, para nós e para as nossas crias, você topa?
Entao vamos lá!
Pra fugir da matemática tenho+que+comprar nessa época do ano (mas poderia ser em qualquer outra, não se esqueça disso!) depois de 3 anos essas são nossas estratégias natalinas:

  • Publicidade e propaganda 

Esse titulo só é bacana se for no diploma, e olhe lá. Atualmente as estratégias de marketing e a pressão que nos impulsiona a consumir entra sorrateiramente em nossa casa, sem mesmo ter sido convidada. Para evitar « cair na tentação » minha tática é cortar a raíz do problema.
Uma simples etiqueta na caixa do correios (STOP PUB) pode evitar a invasão de catálogos e promoções de produtos interessantíssimos pra nossa vida que até então não tínhamos sequer a ideia da sua existência. Evitamos também o consumo quotidiano da tv aberta.
Não sei se você sabe, mas os « comerciais » na tv francesa costumam durar entre 6 e 8 minutos. Dá pra imaginar a quantidade de produtos a oferecer em 3 intervalos de um filme ou um desenho?
Nem por isso ficamos sentados em roda na frente da lareira esperando a « tempestade » passar. 
Utilizamos Netflix, Amazon TV e muitos livros pra ocupar nosso tempo sem ser pressionado a comprar o novo espremedor de frutas que faz a melhor laranjada do século XXI.

  • O novo é sempre melhor

Não vamos abordar aqui a questão ecológica pra não fugir do sujeito, mas pense nela se puder ok?
Como consumidores nossas compras são o que chamamos de demanda e quanto maior for a demanda existente maior será a oferta. Mas nesse caso não é a oferta = promoção. Infelizmente. Estamos apenas falando de quantidade. De milhões de produtos oferecidos pra encher nossas casas e esvaziar nossos cofrinhos. Pra fugir desse circuito nós compramos de segunda mão. Roupas, brinquedos, produtos eletrônicos, a lista é infinita e felizmente é uma realidade possível. Aqui na frança temos ao nosso dispor sites e aplicativos diversos pra essa brincadeira. 
« Ah! Mas roupa na Europa é tão barata e vc ainda compra usada? » Sim! Pago ainda mais barato, dou uma segunda vida a uma roupa que iria sem duvida parar no lixo, fujo do consumo imposto pelo capitalismo, preservo um material que ainda tem vida útil e não aumento a produção de lixo evitando o consumo de uma peça « nova ». Que sabe-se lá como e onde e por quem foi feita para custar tão barato… E isso vale pra família toda!
Em suma, faço economia, cuido do planeta e de quebra ensino pra minha cria outros valores, que tal?

  • Tradição ou traição

Já estou ouvindo seu pensamento: « mas e as tradições ? »
Se você leu até aqui já entendeu que toda essa brincadeira vai exigir novas formas de reflexão. E ainda bem!
Já pensou se tivéssemos utilizado a desculpa da tradição pra justificar a caça às « bruxas » ou a decapitação em praça publica nos dias atuais?
(Se vc concorda com essas ou outras tradições do tipo, seu lugar não é aqui amigo, procure ajuda! 
Pra vc concorda comigo, continuemos…)
Está mais do que na hora de melhoramos e adaptarmos nossas tradições e ensinar aos nossos filhos, sobrinhos, amigos e tios pentelhos que natal é muito mais que árvore, amigo secreto, presentes e pavé.
Nós fazemos voluntariados nessa época. Tudo que pode ajudar e que a cria pode participar: doar brinquedos e roupas, distribuir sopa, visitar doentes no hospital, ajudar associações em ações de Natal. Tenho certeza que você vai encontrar algo do tipo por perto.

  • Faça fácil faça moldes

Lembra desse revista? Ela fez parte da minha infância. Era dela que a minha mãe tirava ideias de presentes e roupas.
Mas não se desespere, se você é como eu, que tem duas mãos esquerdas e física quântica é mais clara que costura, temos salvação. E ela é deliciosa.
Brigadeiro, meu povo, façamos brigadeiro ou biscoito ou bolo ou bordado ou o que a sua criatividade e destreza permitir. Presente não precisa de etiqueta. Um bom brigadeiro de pote feito com amor e carinho pode fazer muito gente feliz, vai por mim. Na escola do meu filho brigadeiro e granola feita em casa são aguardados com grandes expectativas.

  • Momentos e monumentos


Por último e não menos importante proporcione e viva momentos!
Tiramos do Natal da nossa casa presentes e colocamos presença. 
Preparamos juntos as comidinhas que todos gostam, vamos ao cinema ou vemos filmes natalinos juntos e no lugar de uma árvore de plástico gigante cheia de coisas, com toda a economia que fizemos até aqui escolhemos juntos um destino, pesquisamos sobre ele com a maior riqueza de detalhes possível, sempre incluindo a cria e partimos nas primeiras semanas de janeiro viver um momento único. Sempre juntos.