A vida de expatriada me ensinou uma infinidade coisas. Fato!
Mas determinados hábitos eu acredito que não é mérito apenas da vida
de expatriada, mas sim do lugar exato onde vivo.
Vem ver o que aprendi na França e com os franceses:
Ø Metodologia é a
alma do negócio
Você conhece alguém com TOC? Então você conhece todos
os franceses. Sem exagero. Juro!
Tente fazer algo diferente, melhor e mais rápido do
que eles estão acostumados e certamente você ira ouvir: "mas aqui na França
não fazemos assim" ou ainda "isso não vai funcionar porque não é
dessa forma que se faz". Eles ficam visivelmente perturbados ao descobrir
que existem outras formas de fazer a mesma coisa.
As vezes mais eficaz!
Isso me fez ser ainda mais metódica com relação a
algumas coisas, mas também a ser tolerante com o TOC alheio.
Ø Defesa do consumidor, conhece?
Todos nos conhecemos, não? Mas vc utiliza? Já utilizou?
Sabe de cor as leis de consumo? Eu não. Não conheço no Brasil nem aqui no velho
mundo, mas se tem uma coisa que o francês faz como ninguém é brigar por seus
direitos de consumidor, seja de produtos ou serviços. Seja caro ou barato.
Direito é direito e é dever de todos fazer valer. Eu tento não brigar mas
confesso que as vezes acontece...
De qualquer forma, esse é um bom novo habito na
minha vida, fazer valer meus direitos de consumidora.
Ø Quantas sobremesas
cabem numa mesa?
Aqui uma refeição completa não tem arroz, feijão,
batata e macarrão.
Já sei, vc não consegue imaginar sua vida sem essas regalias,
mas eu confesso que esse foi o menor dos meus problemas.
Eu nunca fui fã dessa tradição e adorei a ideia de
comer diferente.
Mas esse é papo para um outro post, o papo aqui é
sobremesa…temos sobremesas. Todos os dias. Duas vezes por dia.
Não se assuste, não da para comer torta de morango
todos os dias (não tem morango o ano todo por aqui).
Uma refeição completa basicamente tem, uma salada, uma
carne, um ou dois legumes, pão, queijo e sobremesa. Que varia entre uma fruta,
um "yaourt", um chocolate, um doce, pouco importa. Claro que a estação
do ano tbm conta na hora de escolher a composição dos nossos pratos, mas sobremesa
tem e todo dia. Sagrado. E no domingo, melhorado.
Ø Râler c’est un sport
Ø Tempo, tempo, tempo
Uma filosofia que aprendi com os franceses e quero
levar eternamente comigo é como o tempo é medido. Eu explico: antes de me mudar
minha vida era trabalho, maternidade, lazer, família e amigos. O tempo era
basicamente dividido dessa forma e totalmente desproporcional. A prioridade era o trabalho, como para todo mundo, não? Não aqui. Aqui tempo bom é tempo usado para fazer o
que se ama. Para aproveitar o sol no verão, para tomar chocolate quente no
inverno. Para ir à praia. Para passar um final de semana na estação de sky. O
tempo que passamos trabalhando, na visão do francês é um tempo irrecuperável.
Um mal necessário. Pode parecer radical, e no começo eu achei um pouco absurdo,
mas quando vc percebe que o trabalho é apenas uma forma de ganhar dinheiro para
realmente aproveitar a vida, faz todo sentido. E te da um gás enorme para realmente curtir a vida de forma muito mais leve.
Ø Bricoler
Eu não sei exatamente a tradução dessa palavra para o português
mas posso te dar o conceito: faça você mesmo. Tudo! Pintar a casa, montar
móveis, se servir dentro de uma loja de sapatos, limpar seu jardim, trocar
papel de parede, reformar o banheiro. Tudo é a venda e disponível para não profissionais
se virarem. Eu aderi. Com uma certa relutância. Mas aderi…rs
Ø Tá nervoso? Vá pescar!
Está cansado? Pode falar. Não existe pudor ou tabu por
aqui. Nem super mãe, super mulher, super profissional, ou ainda a mulher
maravilha. Cansou? Boca no mundo! Vai resolver? Provavelmente não, no máximo
vai atirar mais uns cansados e todo mundo vai reclamar junto do ritmo acelerado
da vida, da quantidade de tarefas a cumprir num dia muito curto, etc, mas sabe aquela teoria de que por para fora descarrega? Pois é, funciona.
Ø Viver em dois idiomas
E por ultimo, mas não menos importante o famoso
bilinguismo.
Eu já ouvi algumas vezes ao longo desse caminho: mas o
bilinguismo não confunde a cabeça da criança?
Eu quase tenho uma crise cada vez que ouço, mas sempre
respondo educadamente que não, não confunde. Há dois anos atrás eu me dava ao
trabalho de explicar, atualmente tenho preguiça. Mas os franceses, tão famosos pela
cabeça fechada é só amor, só elogios e muitos comprimentos pelo trabalho que
estamos fazendo, porque pessoas, crescer em dois idiomas, não só é legal, como
é rico e divertido e de suma importância para manter o vínculo, com
a galera que acha confuso. Irônico? Como a vida deve ser…
Muito boas as suas reflexões! Continue com as postagens sempre, por favor! Beijos
ResponderExcluirQue bom Vanessa que você!! Volte sempre. 😍😍
Excluir