sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Muito obrigada


Outro dia eu estava aqui mesmo falando da difícil arte de lidar com frases motivacionais, mas eis que estou estou aqui para falar sobre gratidão. Antes que você me ache contraditória, eu vejo a diferença nesses sujeitos.
Eu acredito em energia. Acredito em estado de espírito. Acredito mesmo.

Ser grato não deve ser apenas uma resposta automática para pequenos fatos positivos ou mera cordialidade quotidiana.
Eu creio na gratitude como um estado de espírito, um comportamento a adotar diante de tudo que está presente em nossa vida.

Não vamos falar sobre positivismo (tenho problema com isso...rs) nem problematizar demais o assunto, eu tô aqui só pra contar como ser grata mudou minha rotina.

Só pra te dar uma contextualizada meu nome bem poderia ser: Karoline Reclamona de Araújo

Moro na França há 3 anos (berrrr, novidade!) e quando me mudei tive depressão. Embora eu nunca tenha sido diagnosticada e essa talvez seja a primeira vez que eu registre isso...
Eu escolhi me mudar, mas fiquei bem perdida com a realidade da mudança violenta que sofri (vai ter um post só sobre depressão, esquenta não!) e fiquei infeliz porque não estava feliz e fiquei mais infeliz ainda porque achei que tinha sonhado o sonho errado e não tinha como explicar isso.
Nem pra mim, nem para os outros.

Enquanto eu fui ficando infeliz, meu filho foi acumulando problemas na escola, eu fui engordando e as pessoas a minha volta, que já eram poucas, se afastando. E eu segui reclamando.
E as coisas foram empacando.
E não que a vida fosse um grande "bote salva vidas" vindo de alguma parte do mediterrâneo naquele momento. Tipo, muito ruim, caso a metáfora tenha sido estranha...
Eu tinha pequenas vitorias todos os dias e simplesmente era incapaz de enxergar.

Aí veio a minha cirurgia bariátrica, totalmente gratuita e eu consegui ficar feliz? Não.

Eu consegui emagrecer 15 quilos no primeiro mês, fiquei feliz? Não.

Eu recebi uma carta da prefeitura dizendo que para mudar meu status de residente eu teria que ir buscar o documento na embaixada do meu país (o que tinha um prazo mínimo de 6 meses pra acontecer). Morar fora e ter a chance de passar ao menos 6 meses (foram 8 meses no total) em "casa", fiquei feliz? Não. Só via problemas, só enxergava o negativo.

Pra resumo total, eu era simplesmente insuportável.

Depois de estourar o cartão de crédito em dezembro de 2016, lá no Brasil, com não sei o que, sério!, eu não vi onde foi parar a grana...bref! Minha primeira resolução do ano foi, consumir inteligentemente e fazer economia e talvez mesmo gerar um dinheirinho.

E a partir daí, caro amigo que me leu até agora (valeu!), a vida começou a ser realmente gentil comigo.
Quando eu me ocupei, tracei uma linha de partida e um objetivo eu não só consegui o que tinha me proposto a fazer, mas não tinha mais tempo pra reclamar.
Eu decidi não comprar (por impulso) por 300 dias (teve umas derrapadas, claro!). Mandei a criança pra escola e com meu tempo livre, durante dois meses, fiz bolinhos saudáveis pra vender.



E escrevendo isso agora, parece tão obvio... mas não é.

Quebrar esse espiral vicioso de negativismo e reclamações é uma tarefa dura e exige uma força imensa. Um trabalho árduo e no meu caso, diário!

Há dias fáceis, outros que parece simplesmente impossível não reclamar...

Mas não é isso a vida, uma aventura cheia de surpresas?!


Um comentário:

  1. Uau, Karol! Que post lindo! Tudo muito sensível e verdadeiro! Eu também acredito que o que acontece à nossa volta é um resultado do que a gente manda para o mundo! Como é um texto de agradecimento, muito obrigada você, por compartilhar sua história! Beijos

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